Em suas composições, além da aplicação
coerente da regra dos terços (que comentamos em outros artigos), vale entender
que o quadro que envolve um objeto, deve dar a este mesmo objeto algum espaço.
Obviamente irei explicar melhor e, ao longo deste artigo, colocarei outras
interpretações e dicas para quebrar esta “regra”, pois nada é absoluto. ;)
Começarei com uma reflexão mais avançada,
que poderá levantar algumas questões interessantes. Abaixo apresento um momento
de ambiente e cores elegantes. A emoção que a dama apresenta tem um
ar de dúvida e até uma certa negação, como se algo estivesse fora de sincronia - esta é apenas uma interpretação que faço deste momento que servirá de rota para o que iremos ler em seguida.
Agora partirei para a tal reflexão
avançada... o espaço para o lado em que a dama olha é limitado. De certa forma
o observador (você ou eu) é gentilmente convidado a se retirar da imagem e
acompanhar o olhar dela.
O lado oposto (terço direito) até oferece algum contexto, que coloca o elemento humano dentro de um cenário, mas esta parte do cenário contribui somente até aí – oferece contexto, mas não tem tanta força atrativa, portanto é uma área de pouco interesse.
Sem o terço fraco (direito) e num formato de
moldura diferente (fiz um corte quadrado) o assunto (que é a expressão de
dúvida da dama) ganha força. Minha atenção se prende nela e ali fica, portanto a composição (arranjo dos elementos e ideia) ganha destaque e interesse. Abaixo expresso o meu
olhar sobre o que já fora registrado.
Comecei este artigo de forma direta para
que possamos entender a importância da moldura sobre a ideia. Compor é isto...
ideia e moldura, de resto temos técnicas e “maquiagem”.
Olha o menino... se parece com a dama do
exemplo anterior, porém o terço esquerdo do quadro oferece contexto, movimento
e colabora para a ideia do autor. Neste caso não há o que sugerir, pois a
imagem encerra toda a ideia em si mesma, sem margens para dúvidas quanto ao
ponto de vista do autor.
Alex, podemos ter pouco espaço para um ou
mais elementos dentro de uma composição?
Sim, podemos! Quando a intenção é, por
exemplo, elevar o contato visual entre as partes (observador e obra). O caso
acima exemplifica bem isso e a ave não fica “sufocada” dentro do quadro.
Entendido até aqui? Então vamos ver um
exemplo de como podemos sufocar um elemento para revelar uma ideia.
A dama não tem espaço, para o lado em que
está olhando. Mas vejam, eis que surge um cãozinho esperto. Que composição
feliz... note que o cão tem espaço, mas está posicionado no canto inferior e
isto aumenta a sensação de “malandragem” e ingenuidade do animal. Muito bom ter
espaços quebrados dentro de uma ideia atraente.
No caso abaixo o espaço branco... preciso
pausar o comentário para dizer que espaços “limpos”, com certa uniformidade e
de poucas informações são chamados de espaço negativo... voltanto, o espaço
negativo não tem nada para apresentar, mas o movimento das mãos sim. Os braços
formam uma figura... uma taça. A taça reforça meu interesse na expressão dela.
Sobra espaço para a direita do quadro, mas este corrobora para fortalecer a
composição.
Não fique preso a olhar para os lados e
pensar: “Devo usar a regra dos terços e dar espaço para os lados! ”
O mundo que percebemos é tridimensional,
então temos outros eixos para observar. Olhe alguns exemplos:
Espaço para frente!
Espaço para trás!
Espaço para uma diagonal (conforme a direção do olhar do cidadão)!
Explore o espaço e ganhe profundidade.
Evite certos tipos de fotografia onde o elemento poderá estar aprisionado, a
não ser que a ideia seja de cárcere, fuga ou que seu tema envolva um contato
direto com o elemento retratado.
Novamente... isso não é uma verdade absoluta e milhares de outras ideias podem
dar forma para composições belíssimas. Este artigo (bem como todos os outros
deste blog) tem por objetivo oferecer uma rota de pensamento para iniciantes na
fotografia.
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