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Dicas de fotografia (parte 002)

Nos primeiros dias de paixão pela fotografia, comecei a imaginar porque algumas fotografias eram tão belas aos meus olhos leigos. As que mais me chamavam atenção eram justamente as mais simples, que continham poucos elementos e uma mensagem modesta, porém direta e atraente.
Após algumas pesquisas, encontrei artigos, livros e vídeos que tratavam do que conheço atualmente como elemento de composição. Na verdade, são vários elementos.
Interpreto elementos de composição como “objetos” concretos ou abstratos que podem povoar ou não uma fotografia, mas como assim?

Uma fotografia pode transferir diversas mensagens para o observador, ou melhor, o observador pode interpretar diversas mensagens ao ver uma fotografia.
Normalmente o observador da sua fotografia irá “ler” essas mensagens através do arranjo dos elementos de composição dentro de um quadro (ou área da imagem).
Muitas vezes a ausência de um elemento (ou objeto) também é o que nos faz entender o objetivo de tal imagem. Abordaremos a omissão de elementos concretos, bem como a inclusão de objetos abstratos no decorrer do nosso aprendizado.


O sucesso de uma fotografia está intimamente ligado a capacidade de conseguirmos transmitir aquilo que planejamos durante o ato de fotografar ou antes, quando conseguimos prever algum acontecimento que possa render uma bela imagem ou compor obras que estejam de acordo com algum tema pessoal ou projeto “profissional”.

Voltando ao foco... Quantos elementos de composição existem? Muitos! Conheça alguns:
  • Posicionamento de objetos (fortes e fracos).
  • Elementos de atração e distração.
  • Linhas retas (horizontais, verticais e/ou diagonais).
  • Linhas curvas (em formato de C, S e etc.).
  • Linhas transversais e/ou paralelas.
  • Formas geométricas evidentes e implícitas.
  • Cores complementares (contrastes de cor).
  • Cores harmônicas (transições de cores).
  • "Ausência" de cor.
  • Espaço negativo vs. Espaço positivo (minimalismo).
  • E muito mais.
Eitá... A lista é longa e iremos dividi-la em diversos artigos.

Missão

No artigo anterior conversamos sobre os formatos paisagem, retrato e quadrado para entender que há uma área (ou quadro) a ser considerada durante uma composição, ou seja, temos de “recortar” o olhar num determinado formato para fotografar.
Neste episódio iremos avançar um pouco mais e desta vez vamos começar a aprender a inserir objetos dentro dessa área (ou formato).


Lembrem-se: A missão é executar fotografias melhores e de forma consciente. Você já ouviu falar da regra dos terços???


Regra dos terços

Esta regrinha, tão utilizada na fotografia, é derivada de uma proporção conhecida como Proporção Áurea, Proporção de Ouro, Número Áureo, Número de Deus e outros nomes semelhantes. Ela é utilizada desde a antiguidade na arte (principalmente por pintores renascentistas, escultores e arquitetos).

A proporção áurea é descrita por um número (alguns chamam de Número de Deus), encontrado nas sequências de Fibonacci. Em homenagem ao escultor Fidías, Fibonacci resolveu adotar o Phi (denotado pela letra grega ϕ) para representar tão bela razão.

O Número de Deus (Proporção Áurea ou Phi) é encontrado no DNA, nos átomos, nas vibrações sonoras, no crescimento de plantas (na proporção que diminuem as folhas em relação à altura dos galhos), nas ondas dos oceanos, espirais de galáxias, reprodução de coelhos, populações de abelhas (razão entre números de machos e fêmeas), altura do corpo humano em relação à altura do umbigo até o chão, a medida do ombro até a ponta do dedo, na medida do cotovelo até a ponta do dedo… Eitá, daria para percorrer o infinito descrevendo exemplos.


Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/76/Bromelia.png

O Homem do Vitrúvio ou Homem Vitruviano, de Leonardo DaVinci , é um dos exemplos mais famosos do uso da Proporção Áurea – parece que somos uma proporção ambulante.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Da_Vinci_Vitruve_Luc_Viatour.jpg

A Ilíada (de Homero) e Os Lusíadas (por Luiz de Camões) também são bons exemplos para o uso de Phi! Eheehheheh… até a proporção entre a largura e a altura de diversos modelos de cartões de crédito usam dela!

Há alguns anos escrevi um artigo para o Lightroom Brasil, onde aprofundei o assunto.

Aplicando a Regra dos Terços

Imagine uma área (no formato paisagem, retrato ou quadrado) que conterá a cena que você deseja fotografar. Trace linhas imaginárias verticais dividindo-a em três partes iguais. Veja um exemplo no formato paisagem.


A figura acima apresenta uma área dividida em três regiões. Na posição que você está olhando, a palavra Alex ocupa o terço esquerdo.

Agora divida a altura em três partes iguais traçando linhas imaginárias na posição horizontal. Teremos o terço superior, o central e o inferior. O Nome Alex ConceituArt ocupa o terço horizontal central.



Sobrepondo linhas verticais e horizontais teremos a regra dos terços. Já viu essas linhas em apps para tablets e smartphones? Muitas câmeras tem uma opção para exibi-las no display ou visor, já viu?


Estas linhas imaginárias definem regiões do formato escolhido, que chamamos de pontos fortes ou de maior atração para o observador. Posicionar objetos nestas regiões é altamente recomendado. Veja alguns exemplos:

Fotografia: Alex ConceituArt

No caso da abstração acima, a silhueta repousa sobre uma dessas linhas verticais. Na fotografia abaixo a linha do horizonte e do objeto na água está repousando na linha do terço inferior.

Fotografia: Alex ConceituArt

Não restrinja sua fotografia, imagine que as linhas imaginárias atuam juntas. No caso abaixo o cogumelo está posicionado sobre a linha do terço esquerdo. A grama com maior nitidez ocupa a região do terço inferior.
O centro da parte de cima (chapéu ou píleo) do cogumelo está posicionado no encontro de duas linhas. Este encontro entre linhas da regra dos terços é conhecido como ponto de ouro.

Fotografia: Alex ConceituArt

Pontos de ouro

Então temos quatro pontos de ouro? Exatamente!


Os pontos de ouro são regiões intimamente ligadas à nossa natureza e ao universo. Posicionar elementos nos pontos de ouro é um bom exercício de fotografia. Pratique com um ou mais objetos, pessoas, animais...
O exemplo abaixo é um instantâneo que fiz do meu filho mais novo num dia de Sol forte. Esse registro tem algumas “falhas” técnicas, mas isto é assunto para outro artigo. O que vale é mostrar uma boa aplicação da regra dos terços.

Fotografia: Alex ConceituArt

Note que você não precisa posicionar objetos e elementos exatamente sobre algum ponto de ouro, nem mesmo sobre uma das linhas imaginárias. Aproximar (ou “repousar”) elementos e objetos sobre uma ou mais linhas ou pontos é recomendado.

Essas linhas e interseções funcionam como áreas de alto interesse para os olhos.

Lembre-se: regras existem para orientar, mas também podemos quebrá-las, então não fique amarrado a nenhuma delas. Seu  bom uso permitirá aprimorar técnicas para o registro de imagens.

Abaixo está o meu filho mais velho... ele ainda era bem novo. Note que toda a face se inclina e pende para uma das linhas verticais da regra dos terços. Os olhos estão posicionados numa das linhas horizontais da regra dos terços.
Fotografia: Alex ConceituArt

É importante destacar que não somente as linhas e pontos tem “força” de atração dentro de um “quadro”. As próprias regiões que essas linhas “separam” são áreas de interesse para o observador.
No exemplo abaixo: O terço horizontal superior está sendo ocupado pelas nuvens, o terço inferior pela praia e a cobertura está próxima de uma das linhas verticais (sendo uma região de interesse).

Fotografia: Alex ConceituArt

Há muito mais para ser dito sobre a regra dos terços e outros elementos de composição. Não esqueça de exercitar o que aprendeu e até a próxima dica.


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