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Fotografia (031) Garimpando pixels (parte 02)


Na primeira parte, falamos sobre pixels que compõe uma imagem. Faltou dizer que pixels são elementos que se dividem em duas categorias:

  • Pixel de hardware.
  • Pixel de referência.

Pixels de hardware

Os pixels de hardware são os menores elementos que constituem a tela do seu computador ou dispositivo. Abaixo temos conjuntos de subpixels de hardware, onde, cada conjunto de três subpixels (vermelho, verde e azul) formam um pixel de hardware.
Amostra de pixels de hardware
Imagem licenciada pelos termos Creative CommonsCC BY-SA 4.0
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Closeup_of_pixels.JPG

Mesmo o iPhone 6 e sua tecnologia chamada de Retina, usa o mesmo princípio. Embora o formato, a ordem e a posição dos subpixels seja diferente.

Todas as cores que vemos na tela de um computador ou dispositivo móvel são formadas pelo conjunto dos três subpixels (vermelho, verde e azul). Isto se dá pela diferença de brilho em cada subpixel, então, a relação entre eles gera a percepção de uma cor para o nosso cérebro.
Não conseguimos ver os subpixels que formam os pixels de hardware, mas sim o comportamento desses conjuntos de pixels de hardware apresentando pixels de referência para formar textos e imagens.

Fonte: https://www.flickr.com/photos/martinhoward/3063708655/
Licenciada pelos termos Creative Commons CC BY 2.0

Os olhos do ser humano tem o mesmo princípio de funcionamento. Temos sensores (cones) no fundo dos olhos para registrar três cores primárias (vermelho, verde e azul).
Os subpixels geram as três cores que temos sensibilidade, a partir daí construímos milhões de outras cores.
Por questões evolutivas temos mais sensibilidade para detectar os verdes.

Pixels de referência

Os pixels de referência são os menores elementos que constituem nossas fotografias.
Pixels de referência

O pixel de referência pode assumir qualquer tamanho igual ou maior que o pixel de hardware. Na prática é o mesmo que dizer que o uso da ferramenta de zoom de um programa de edição altera o tamanho de cada pixel de referência.

A imagem acima é uma ampliação (zoom) extrema de um pedacinho pequeno de uma fotografia. Cada quadrado é um pixel de referência (que representa parte da fotografia) e cada pixel de referência está sendo apresentado na sua tela por muitos pixels de hardware. Entendido?

Vamos ao propósito central deste artigo...

A filosofia do funil

Em 2010 tive uma conversa em um fórum sobre fotografia. O tema era técnico e pouco didático, mas irei sintetizar a essência desta bela ideia.
Na filosofia do funil devemos extrair o máximo do nosso equipamento fotográfico com o máximo de flexibilidade no formato de arquivo. Isto significa que o arquivo de imagem irá reter a maior quantidade de informações possíveis e estas serão adaptadas às opções de publicação.

Para que serve o funil?

Os sistemas de impressão têm evoluído muito nos últimos anos. Em intervalos curtos de tempo surgem tintas e papéis cada vez melhores e o mesmo vale para sistemas de vídeo, telas, softwares e impressoras. Mesmo que hoje você não tenha tanta intimidade com processamento, edição e impressão de imagem, guarde seus arquivos (fotografias) originais.
Futuramente você poderá rever aquela fotografia que toca no coração e, quem sabe se ela não vai para uma bela impressão em papel e moldura de longa permanência e com vidro antirreflexo? 

As coisas evoluem e tendem a se tornar cada vez mais acessíveis.
Descobrir que uma fotografia foi editada de forma que impeça o uso da mesma em outros meios é ruim.
Em casa eu tenho uma tela de 42 polegadas... gosto de me deitar e ver algumas fotografias em alta definição. Quando abro algumas que fiz em 2009 ou as que realizei com meu smartphone, vejo que eu deveria ter feito algumas escolhas diferentes, pois a exibição ampliada não me rende uma boa experiência.

Por outro lado, tenho algumas fotografias que foram revisitadas há pouco tempo. Nelas eu apliquei novas técnicas de processamento e edição e obtive resultados bem melhores, pois os arquivos originais haviam sido preservados através de técnicas de edição não destrutivas.

Boas fotografias nunca são deixadas para trás, principalmente quando construímos o nosso portfólio ou agrupamos trabalhos que revelam o nosso olhar, seja para uso público, comercial ou privado.

Oque originou o funil para mim?

Embora seja pouco didático para quem não tem o hábito de se aprofundar em certos temas, vale a pena reproduzir o que meu interlocutor disse naquela conversa de 2010.
Ao longo do que vamos aprender, irei entrar, dentro de minhas limitações, nesse mundo da forma mais clara o possível.
Fique com uma parte dos comentários originais:

“Eu sou totalmente partidário da filosofia do funil: Capture no maior espaço de cor possível, trate nos maiores espaços de cor possíveis e dê saída no maior espaço de cor possível.
Falando assim não parece um funil, mas na prática é. Exemplo: Fotografo em RAW e, após o tratamento, exporto para o Photoshop em ProPhoto 16 Bits. Trato tudo que puder em Prophoto 16 bits e, se for obrigado a reduzir para algum tratamento específico, salvo essa versão e depois converto para Adobe RGB e depois para 8 bits.
Se, na hora da saída, vou mandar para algum sistema que exija sRGB só então eu converto (especificamente para essa saída). Meus arquivos tratados estão sempre com o maior espaço de cor possível e mesmo quando tenho que reduzir o espaço de cor, posso desfrutar dos inteligentes algoritmos adaptativos para garantir a mais próxima reprodução.
Pra que perder tempo com isso? Simples: O mundo evolui! Até bem pouco tempo não era possível imprimir a partir de AdobeRGB 16 bits, hoje já é (e a diferença é sensível). Até algumas versões atrás o Photoshop não conseguia aplicar certos tratamentos em imagens em 16 bits, hoje já é possível. Trabalhando dessa forma posso pegar imagens que fiz em 2005 e dar saída de uma forma mais rica e, repito, as diferenças são notáveis. Amanhã pode surgir um novo sistema de impressão revolucionário que imprima em ProPhoto e as minhas fotos já estarão tratadas.”

Equipamento fotográfico

O funil pode começar com a escolha do equipamento, lentes (se for possível trocar) e configurações deste conjunto.
Mesmo que fotografe usando um smartphone, recorra ao manual e verifique quais são os melhores ajustes possíveis. Nunca use modos criativos... que oferecem aqueles efeitos bonitinhos ou que prometem suavizar pele, gerar transposições para “preto e branco”, sépia, etc. Uma vez feito isso de forma permanente, a reversão será praticamente inviável.

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